quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Amar e Sofrer


Quem sobe no telhado da própria casa para observar o luar e as estrelas, pode acabar vendo o que não esperava ver. Certas coisas que acontecem na vizinhança podem chamar sua atenção.
Do lado direito da rua através da janela, eu via toda a felicidade de Soraya (não sei o seu nome, então decidi chamá-la assim). Radiante às vésperas do casamento, empenhava-se nos preparativos da cerimônia. Ambas as famílias, do noivo e da noiva, ajudavam e partilhavam da mesma alegria na união de seus filhos.
A vista do telhado favorecia-me ver muitas casas, entre elas a de Anabeth (também decidir chamá-la assim), que naquela mesma noite, deitada em sua cama esvaia-se em lágrimas. O dia seguinte, o 12 de maio de 2008, prometia ser o mais triste de sua vida. Mas como alguém poderia saber? Talvez apenas eu soubesse a verdade. Mesmo à distância, eu via o brilho em seu olhar quando Luis a acompanhava até o portão.
Eles eram bons amigos e passavam algum tempo juntos. Será que ele nunca percebeu nada? Ela provavelmente escondia bem a paixão que nutria por ele. Por algum motivo não foi capaz de declarar-se ou se quer dar um sinal do amor que sentia. Talvez isso pudesse acabar com a angústia que carregava em seu peito.
Sei que ele também sentia algo por ela, talvez amor. Contudo, como apenas uma moça no telhado, achei melhor não bancar o cupido ou a xereta e ficar na minha. O que não faz sentido é que se ela a amava, por que estava noivo de Soraya? Estaria ela grávida? Ou era por amor? Quem sabe?!
O grande dia chegou e tudo estava impecável. A igreja estava como nos contos de fadas. Cheia de arranjos florais, imagens de anjos segurando velas acessas e havia em cada lado dos bancos, um longo véu branco com pedrinhas brilhantes. E na passagem central, um tapete vermelho pelo qual a noiva, como uma princesa, faria sua entrada triunfal.Os convidados estavam no interior da igreja quando, depois de chegar uma limusine preta, viram entrar a noiva em um majestoso vestido branco bordado à mão. Ela trazia em sua cabeça um arranjo de rosas naturais e uma longa grinalda. Ao som da marcha nupcial, ela caminhava esplendorosa para seu noivo. Tudo isso foi demais para Anabeth. A dor que dilacerava seu coração a fez sair correndo da igreja. Por um momento a cerimônia foi interrompida, quando todos os convidados com olhares interrogativos, na porta da igreja viram a moça entrar no carro, bater a porta e sair acelerando.

Um comentário:

  1. Oi Dani,
    Texto interessante. Fiquei louca pra ver o final. Que triste.

    Beijos,

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